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terça-feira, 10 de julho de 2007




Quebra cabeça sem luz



Estranhamente o chão foge.
As mãos transbordam em gelado suor.
O peito emite sons frenéticos e descompassados, que tomam o corpo.
Corpo...
Que é envolvido pelas explosões interiores, com intensidade crescente, expansiva.
A cabeça sai do pescoço e anda, corre para além da vizinhança segura...
Vaga... Numa velocidade tão inconcebível que...
Não sei.
Não consigo agora.
Tenho vertigem, e giro fora do círculo.
As idéias se emaranham e deixam nós, muitos nós.
Tantos que as cordas já nem existem mais.
Tudo é nó, e desamarra.
O mundo se fragmenta.
Transforma-se em vários, outros, estranhos, novos, velhos...
Não sei.
Mundos que não são meus satélites me perpassam.
Sou um meteoro no vácuo.
Não há órbita alguma, nem direção.
Um choque!
Novo rumo sem rumo, e pedaços alheios.
Impacto e estrondo!
Fragmento-me, e espalho no vazio habitado, partículas que incomodam, aterrorizam às vezes.
Como é inconveniente incomodar a ordem das coisas!
Mas pelo menos isso ainda posso.
Desmancho como vapor d’água.
E monto sólidas estruturas com blocos de gelo nesse calor escaldante do deserto de belos prédios e lindas ruas, floridas com gente e medo.

Maicon Barbosa.

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