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sexta-feira, 21 de setembro de 2007

O consumismo nosso de cada dia...



As intermináveis discussões em relação às alterações ambientais que vêm ocorrendo no planeta têm se intensificado cada vez mais por todos os lugares, principalmente nos meios de comunicação. Em decorrência de catástrofes ambientais que causam prejuízos incalculáveis, vitimando milhares de pessoas, governantes, o setor privado, ONGs e outras organizações, estão produzindo discursos de alerta e preocupação com a situação ecológica do planeta. Diversas reuniões entre líderes políticos de vários países vêm sendo realizadas há algum tempo, com o pretexto de discutir soluções para as mudanças bruscas na natureza, que vão desde a escassez de recursos minerais, vegetais, e hídricos, até mutações climáticas que ameaçam a vida humana na terra.

Entretanto, em praticamente todas essas discussões, um aspecto de absurda relevância não recebe nenhum destaque: o consumismo atual. A lógica do consumo exacerbado está presente em dimensões da vida como a saúde, a sexualidade, a família, a religião, a educação, a alimentação, a higiene, a estética, a arte, a ciência, o laser, as relações sociais, entre inúmeras outras, ou seja, quase tudo está cercado pelos apelos incansáveis de consumo: “compre”, “tenha”, “possua”! É como se o fato de consumir bens – materiais ou imateriais – constantemente fosse a fórmula mágica da felicidade.

Esse mesmo consumismo que nos proporciona “qualidade de vida” aparenta ser um dos elementos centrais nos problemas ecológicos mundiais. Os processos de produção em série, de produtos com vida útil cada vez menor – o que exige uma continua substituição, uma eterna compra e recompra – utilizam-se de uma gigantesca quantidade de elementos retirados dos meios minerais, vegetais, animais e humanos, já que a mão-de-obra é considerada como um mero instrumento de fabricação de coisas. Mais para mostrar que estão fazendo algo em relação a esse processo de extinção das formas de vida, algumas “super-empresas”, que se dizem ecologicamente corretas, colocam selos em determinados produtos que indicam: “responsabilidade social e ambiental”. Mas será que isso não seria apenas mais um oportunismo estratégico para aumento das vendas e enobrecimento da marca que aparece em destaque na embalagem daqueles produtos?

Parece que não se trata de discutirmos apenas taxas de redução de poluentes ou outras medidas superficiais. A questão parece ser: será que se não houver uma reinvenção dos modos de vida e um repensar sobre as exorbitantes relações de consumo e suas implicações pessoais, sociais, ambientais, econômicas, éticas e políticas, existe possibilidade de continuidade da vida nesse planeta-mercado?

Essa relação entre forma de organização econômica voltada unicamente para o consumo e as mutações corrosivas nos sistemas ecológicos, não é nenhuma nova descoberta, ou um fenômeno de difícil visibilidade. É uma das mais obvias constatações. O problema é que quase sempre todas as discussões atuais sobre esse assunto centram-se em pequenas medidas paliativas, que são praticamente insignificantes diante de um processo de extinção tão vertiginosos, e nunca focam as complicações que a forma construída de mundo capitalista-consumista traz para a vida em todas as suas esferas. Será que para vivermos precisamos consumir coisas industrializadas o tempo todo?

Maicon Barbosa