.

terça-feira, 21 de agosto de 2007

Quando a fuga foge

Há dias que permanecer vivo é uma árdua tarefa.
Que a procura pelo descanso é interrompida
por golpes vindos de todos os lados.
Com as mais enlouquecedoras forças, formas.
O chão aparenta ser o amigo mais intimo, confiável.

Mesmo assim, levanto-me.
Com o ar que resta nos pulmões, corro.
Carreira apressada, tropeçada, em direção a um muro
encantadoramente transparente.
Que não esconde luzes nem coisa alguma,
mas comprime insuportavelmente o corpo.

Sem unhas e força, agarro-me a ele.
Inicia-se uma subida lenta, fugaz, veloz, utópica...
Sofrimento e choro,
grito e finitude momentânea de tudo.
Escalada que corta a carne,
perfura a pele, agride absurdamente...

O topo está a ponto de me alcançar!
É na queda que ele inunda, afogando-me.
Sangro...
Agonizo à beira da vida.
Outra vez colado ao companheiro de longa data.
Que agora parece mais rígido, sólido, intransponível...

Há dias que as fugas são mal-sucedidas,
que os cães descobrem os rastros,
que o túnel turva, fica sem oxigênio.
Há dias que continuarão a fabricar algo
diferente da alegria em sua diferença de tudo.

Maicon B. S.