.

quinta-feira, 19 de julho de 2007

O Estado Democrático Transcendente.



O conceito de transcendência vem sendo constantemente discutido nas mais variadas esferas do saber: filosóficas, artísticas, cientificas, ou nas inúmeras outras possíveis. No entanto, são raras as vezes em que se pensa o Estado moderno como transcendente. É obvio que existe uma gama de produções e pensamentos nessa perspectiva, porém, muito freqüentemente pensamos a questão da transcendência relacionando-a à idéia de Deus judáico-cristão, ou a alguma outra forma de religião. Não significa que essa forma de se perceber o transcendente seja equivocada, mas em inúmeras ocasiões nos esquecemos da forma em que os Estados democráticos modernos e pós-modernos estão estruturados. É de uma beleza estonteante o discurso de que “o poder emana do povo”, mas se formos pensar na configuração do Estado, não encontraremos nem vestígios do povo atuando. Iludimo-nos com a pseudo liberdade que o capitalismo nos dá, e ficamos seguros, já que vivemos num “justo” Estado de direito.
O capitalismo se tornou tão fragmentado e microrganizado nas suas maneiras de controle dos corpos e espaços, afetos e desejos, mercados e mercadorias, que não conseguimos mais imaginar um mundo sem essa incrível maquina de gerir a vida. O culto ao Estado ocorre em todo lugar. “Ele é a única maneira de vivermos juntos sem nos matarmos, sem entrarmos em uma guerra que levará à finitude da raça humana”. É esse o discurso defendido vigorosamente, já que nós, pobres mortais, somos incapazes de fazer qualquer coisa fora dessa imensa instituição controladora que não precisa de paredes ou divisórias. Não nos falta nem o totem sagrado, já que temos que respeitar reverentemente a nossa “amada e grandiosa” bandeira. Continuamos a olhar atônitos e hipnotizados para esse pretenso salvador e organizador de tudo, que paira sobre nossas cabeças. Mas chega de falatórios, continuemos o culto. Viva o Estado! Viva!


Maicon Barbosa

Nenhum comentário: