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sexta-feira, 13 de julho de 2007

Superficialidades


Deslizo pela face escorregadia da superfície.
Às vezes suavemente como se dançasse uma sublime valsa.
Outras, arrastando-me dolorosamente num solo abrasivo que
arranca pedaços de um corpo que se compõe, desmanchando-se com incrível velocidade.
Mas parece que sempre estou nela.
Dentro do fora da superfície, em mim, e que se estende
para além do campo de visão.
Em certos momentos sou tragado, sugado por crateras
que se abrem com velocidade de um acidente.
Quase imperceptivelmente caio em outras superfícies que passam.
Por onde anda a profundidade da vida e das coisas?
Como uma taça de frágil cristal que encontra uma outra
numa violência de beleza extrema, quebrando-se,
fragmentando-se e misturando pedaços que já não são seus
e que se indistinguem, assim vou me acidentando.
Confundindo as partes que voam por todos os lados.
Mesclando partículas alheias que ajunto em punhados, na profundidade
do ar que enche os pulmões asmáticos dos lugares que sou.

Maicon Barbosa






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