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sábado, 4 de setembro de 2010

Quem é ela?

Nunca soube lidar direito com a solidão. Ela sempre me passa rasteira e me coloca a verter rios de lágrimas que não são molhadas. Ao mesmo tempo, ela me deixa forte, mas tão forte, que sem ela eu não teria vivido. Que mulher encantadora é ela, a solidão! Nunca se sabe de que lado da cama ela vai acordar, com que rosto ela vai amanhecer. Será que vou amá-la ou odiá-la amanhã? Que vestes encobrirão seu corpo trêmulo? Quais serão as ilusões que sua boca carnal me fará acreditar? Quando a provo, não sei distinguir o doce do amargo, nem o azedo do sal. Minha língua enlouquece nesse corpo fugidio. Seus mistérios são tantos que não cabem num só palavra. Outra vez, ela me faz estremecer toda. Quando penso que a conheço, pelo menos um pouquinho, ela me esbofeteia com as costas da mão, me violenta de todo jeito e me deixa mulher. Nos damos bem. Seu ar de indiferença, que faz pouco caso de tudo, apaixona. Que horas vais me largar? Quando é que vens me fazer? Ela endiabra a vida de leveza e de torpor.

Ana Laura Navegueiro

2 comentários:

Bruno disse...

Muito bonito seu taxto e a maneira como escreveu. A solidão pode ser uma ótima companheira - que seria de nós sem ela -, mas por vezes ela insiste em não dar ar. Coloquei seu link no meu blog, sem compromisso. rs

www.costabbade.blogspot.com

Gustavo v.s.h. disse...

Gosto da tua linha de pensamento. Voltarei para ler mais.

Abraço!
Gustavo
http://www.historiasparaobanheiro.com