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quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Há muito

Há muito que as grandes datas não me dizem nada!
Sinto umas coisas meio estranhas demais nesses momentos
Um certo veneno me atinge, me embriaga
Deixa-me meio dormente, meio sonolenta
Como se afundasse num mar de algodão indelevelmente branco
Como se rolasse num campo de rosas inertes, que não me arranham, nem cheiram
Acho que sou transportada para outras luas, desertas
Habitadas apenas pelo vácuo e por alguns ecos
Hoje é uma desses dias
Fui arrebatada para o longe, há muito
Não existe decisão para essas coisas
Sou envolvida por uma névoa leve, entorpecente e sem cor
Que me invade o corpo todo
Essas datas importantes
E dias de fuga e solidão...


Ana Laura Navegueiro

4 comentários:

Juliette disse...

Essa Ana Laura "Navegadora" me faz lembrar alguém. Sua maneira de dizer, de sentir e de me fazer sentir. Será que não a conheço de outros nomes?

Unknown disse...

Um corpo só é pequeno demais pra uma mulher... É, sinto outros nomes em mim mesmo. Eles me escancaram! Um só é muito pouco. Mas não se engane com as certezas. Prefiro as aparências!

Gabriela Guimarães Cavalcanti disse...

Permita-me ler isto aqui. Todo esse turbilhão é típico de nossos estrógenos. O peito vibra em onomatopéias antecipadas de saudade de datas tão vazias quanto lindas. Belíssimo o que escreveste.

Maicon disse...

As mulheres sentem de maneiras que só elas conhecem. Acho que tenho certeza disso. Não se trata de coisas como "gênero" ou "identidade" [amarras tão frias e tristes que tentam codificar o universo feminino]. Talvez, o que se passa é um jeito, uma sensibilidade, um modo-de-estar mulher, sempre efêmero e prenhe de outros mundos.