.

domingo, 22 de novembro de 2009

Um pouco demais

Queria mesmo era parar a roda e respirar

Por os pés nessa água turva e arredia

Ver o vestido que agora se disfarça de tristeza

Dançando no sopro

Meu corpo se entrega na imensidão da sutiliza

Dissolvo-me e sinto a pele se romper levemente, sem dor

Abraço com força aquilo que braço algum pode conter

E me lanço no abismo encantador que desliza à minha frente

Chegou a hora de partir

Chegou a hora desconhecida da solidão

Quero as estradas desse mundo

Aquelas que esperam ser tocadas por mãos delicadas

E sem costume no trabalho pesado

O vento, o vestido e o choro

O ar queima os pulmões dessa recém-nascida

Um pouco sozinha demais

Um pouco triste demais

Um pouco perdida demais

E um pouco viva, ainda


Ana Laura Navegueiro