Queria mesmo era parar a roda e respirar
Por os pés nessa água turva e arredia
Ver o vestido que agora se disfarça de tristeza
Dançando no sopro
Meu corpo se entrega na imensidão da sutiliza
Dissolvo-me e sinto a pele se romper levemente, sem dor
Abraço com força aquilo que braço algum pode conter
E me lanço no abismo encantador que desliza à minha frente
Chegou a hora de partir
Chegou a hora desconhecida da solidão
Quero as estradas desse mundo
Aquelas que esperam ser tocadas por mãos delicadas
E sem costume no trabalho pesado
O vento, o vestido e o choro
O ar queima os pulmões dessa recém-nascida
Um pouco sozinha demais
Um pouco triste demais
Um pouco perdida demais
E um pouco viva, ainda
Ana Laura Navegueiro