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sábado, 29 de março de 2008

Tibet e Cuba


Uma China gigante, anômala, cada vez mais aberta ao capital se sobrepõe a um nanico Tibet, dominado, humilhado, ferido em sua cultura milenar.
Não, nem o Tibet e nem nação alguma tem direito de se isolar e viver como bem entender. É uma regra implícita do capitalismo, aqueles que não entrarem no jogo serão embargados, desprezados e se vacilarem, invadidos.
Vejam o que aconteceu em Cuba: situação diferente, contexto diverso, mas pano de fundo igual.Uma nação procurando outros caminhos, ousando tentar um caminho diferente, algo que realmente viesse ao encontro do anseio de um povo pobre da América Latina.Muitos não puderam aceitar.Parece que ferem aos olhos olhar para o lado e perceber que tem alguém diferente.Ou talvez seja o fato de o diferente não ser um cliente potencial, afinal, qual o interesse que uma bugiganga chinesa causaria a um monge tibetano?
Saindo da geopolítica e vislumbrando o cotidiano em que vivemos, não estamos distantes da mesma regra.Foi-se o tempo dos ermitãos que se isolavam ou dos hipes que procuravam viver a sociedade alternativa.
Todos fazemos parte do mesmo jogo e não existe qualquer possibilidade de fuga.Quando tentamos fugir, nos damos conta que o capital é onipresente e onipotente.Sejam budistas tibetanos ou católicos cubanos, por mais que rezem para deuses diferentes, são castigados pelo mesmo demônio:o capitalismo.
(Macedo Matos)

Um comentário:

Maicon disse...

Essa situação entre o Tibet e a China é mais uma capítulo das intermináveis relações de poder/dominação/intolerância, que se estabelecem no plano geopolítico em diversos instantes, e especificamente na contemporaneidade. Mas em relação ao texto, algumas coisas podem ser lidas de outras formas. O fragmento “não existe qualquer possibilidade de fuga” pode ser reescrito de outra maneira: existe múltiplas possibilidades de fuga! A vida se constitui na fuga, nos atalhos, nos guetos... A questão é que essas fugas não significam fugir desse mundo ou se isolar de tudo, buscando uma vida de separação, distanciamento. A fuga pode ser simplesmente um processo de reinvenção dos modos de vida, de relação, de fazer as coisas. Reinvenção necessariamente coletiva, desejante, afetiva... não individual, mas plural. Isso que chamam às vezes de utopia, pode sim ser experimentado, produzido. Mas é preciso perceber a imobilidade, a paralisia que nos amarra, e sair dessa posição de coitados impotentes. Como cria outras vidas, outros mundos, outras relações? Eis a questão, potente questão.