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sábado, 29 de março de 2008

2006


Sair da mente, vislumbrar o presente...
Ficar absorto no dia de hoje
Um conhecido morreu do coração
Tinha quarenta e quatro anos
Calçava quarenta e dois
Morava na rua um
Casa duzentos e onze
Provavelmente será sepultado
Num caixão de oitocentos reais, ou mais!!

Vejo todos morrendo e eu vou ficando...
Parece até que sou imortal
Alguém me chamou no trânsito
Ao olhar, quase bati o carro...
Menino me pede esmolas
Será que não chego mais em casa?

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Lembro-me de épocas remotas
Onde a senhora vaidade
Brincavas com as pessoas mortas
E aquilo que era verdade
Só se ouvia de pessoas tortas

Depois segui adiante
Brincava de senhora viva
Em meio a pessoas errantes
Entortando os caminhos da vida
Quis eternizar aqueles instantes

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Como sou filho do meu tempo!
Como posso tentar negar isso?
Posso enlouquecer, posso mesmo chegar à esquizofrenia...
Sou filho do meu tempo.
Sou herdeiro de todos os ideais desta sociedade em que nasci.
Qualquer tentativa de ruptura brusca é loucura
Qualquer tentativa de fuga é covardia
Por que sou filho do meu tempo
Devo algo a esta civilização em que nasci (DESPREZO?!)
Não tenho maturidade para dar um passo tão longo
Em uma única existência...
(Matos Macedo)

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