Leon Tolstoi é conhecido no mundo inteiro como um dos maiores escritores de todos os tempos. Além de grande romancista, foi uma personalidade ímpar na Rússia do Séc.XIX. Pensador cativante, filósofo controverso e intelectual descompromissado com correntes ou linhas de pensamento da sua época, Tolstoi traçou com a sua vida e a sua obra um caminho que sempre remetia às suas próprias vivências e conflitos internos. Embora os seus principais romances tenham conotação histórica, como Guerra e Paz e Ana Karenina, ele sempre conseguia transcrever para suas obras a sua forma de pensar e de ver o mundo.Os personagens de seus romances por diversas vezes passavam pelos mesmos dramas do seu criador.
Pelo que se pode perceber em alguns textos e biografias de Leon Tolstoi, ele era um ser humano preocupado com os problemas sociais que se abatiam sobre a Rússia e o mundo. Sentia-se culpado por ser um escritor rico e famoso enquanto a poucos metros da sua casa camponeses – que na Rússia eram conhecidos como mujiques – morriam de fome e trabalhavam em péssimas condições.
Leon Tolstoi tinha outra preocupação muito interessante. Ele queria que toda sua obra passasse para o domínio público, pois achava que vender seus pensamentos era ainda pior que vender o seu corpo, e, portanto, algo repugnante. Quanto a isso muitos conflitos serão vivenciados entre ele e sua família que jamais aceitará a forma de pensar e viver do escritor.
O que chama atenção em Tolstoi é a sua luta, que perdurou por toda sua vida, de tentar impor concretamente o seu pensamento em suas atitudes. Para isso ele forjou sua própria moral, e de acordo com ela procurou nortear suas ações, sua obra e sua vasta contribuição para toda humanidade. Uma moral que a todo momento ele tentava, segundo suas aspirações, melhorar mais e mais a cada dia.Uma moral que, embora impregnada de cristianismo, obedecia os desígnios do seu sensível coração romântico.
O seu grande sonho era sair de casa, se desvencilhar de sua família e viver nos campos com os mujiques. Queria sustentar-se com o trabalho dos seus braços e o suor do seu rosto, negando a toda humanidade o talento de sua pena. Nunca quis fazer parte da aristocracia russa, nem como proprietário de terras que foi e nem como magnífico escritor. Morreu sem realizar inteiramente este sonho, pois por onde andava era reconhecido pelo povo e de toda parte do mundo acudiam pessoas para conhecê-lo pessoalmente. Sua influência ainda em vida espalhou-se por toda Europa, em todos os meios. Os livros de Tolstoi eram lidos por camponeses e discutidos em grandes centros acadêmicos. Até mesmo um séquito formou-se em torno dele.
Tolstoi nos legou uma vasta obra literária e a sua própria vida como fonte de reflexão sobre o ser humano e o teatro macabro chamado de sociedade.