Maicon Barbosa
domingo, 28 de junho de 2009
sons e contorções
Abro a porta. Entro em casa. A primeira coisa que vejo é o vazio que ecoa, e imagino a música dançando pelo lugar. Coloco um som. A alegria pulsa em mim. A música é minha vida. Tudo se altera. Novas cores passeiam pela casa que agora está plenamente povoada. Gosto quando as ondas sonoras inundam os cômodos, chocam-se com portas e janelas, fazendo-as trepidar. De repente a paisagem ganha traços musicais. Belos traços, que se inscrevem em mim, nas paredes, no chão, no teto... Os móveis parecem dançar também. Tudo entra numa harmonia encantadora. O tempo não corre por aqui. Letargia intensa, movimentada, viva. O corpo se contorce involuntariamente. Ele e a música namoram longe dos olhares frios da intenção. Estão sempre volúveis.
Maicon Barbosa
Maicon Barbosa
segunda-feira, 22 de junho de 2009
afazeres cotidianos
Uma manhã ensolarada, de clima muito agradável. Ela entra pelas minhas frestas. Sempre está linda, mas hoje o ar matinal ampliou sua beleza a ponto de embaralhar os olhos de qualquer voyeur. Ela. Séria. Expressões compenetradas. Rosto sempre cerrado. Extremamente exasperada. Têm um quê de indiferença. Desliza pela superfície do seu corpo um charme irresistível, que embriaga, encanta. Feitiço angelical. Põe as mãos no rosto como quem esconde os olhos. Seus dedos passeiam por detrás da orelha para arrumar o cabelo que desaba sobre o rosto. Suas mexas têm vida própria. Dançam no vento como bailarinas ao som de Tchaikovsky. Parece impaciente. Tem um olhar distante, que percorre tudo que passa. Arranja os cabelos de um jeito que... tira o fôlego. Limpa, minuciosamente, as superfícies. Parece dançar com a vassoura nas mãos. Seus pés parecem de porcelana, com aquele aspecto de quem quase nunca vê o sol. O que os separa do chão, da terra molhada, é apenas uma tímida sandália de dedos, que ensaia pequenos abandonos. Pés fugazes e terra molhada: paisagem que se desenha em curvas de perfeição exagerada. Ela. Séria. Me fez estremecer. E estava apenas cuidando dos afazeres cotidianos.
Maicon Barbosa
Maicon Barbosa
quinta-feira, 18 de junho de 2009
Fragmentos de férias
“Eu sempre faço uma besteira enorme:
Fico desperto enquanto o mundo dorme.
E eu hoje fiz outra besteira imensa:
Não pensei nada do que o vulgo pensa.”
(Besteira, Affonso Manta)
E quem sabe
Em algum destes versos
Em alguma destas palavras
Eu deixe escapar um pouco de mim?
Mais uma vez estou indo embora
E como é afeito a todas estas horas
Uma estranha melancolia ganha o peito
Situação essa, que me deixa meio sem jeito
Mas em outros momentos, algo normal...
Ir embora e voltar, sentimento virtual.
Diante das impossibilidades
Tive nuanças
Frente aos desafios
Desejei mudanças
Dos bons e maus momentos
Levarei lembranças.
Minha terra, minha cidade mística!
Toda sua mitologia, é a minha geografia
Toda sua religião, é a minha escuridão
As montanhas emocionais
Vejo-as ficando para trás
Vales de solidão
Não ganham mais o meu coração
Sentirei saudades outra vez?
Do teu córrego poluído
Dos teus anjos (e anjas) caídos?
Da tua Br 116...?
Talvez, em alguma destas palavras
Eu não tenha conseguido esconder
Os poucos dias de vida louca, intensa vida
Da qual tentei aqui viver
Agora vou ganhando meu cerrado
Assim vou esquecendo o meu passado
Agora caí a noite que um dia foi dia
Assim, vou deixando a tristeza e encontrando a alegria ...
Yon Macedo
Poções, Madrugada de 18/06/2009
Fico desperto enquanto o mundo dorme.
E eu hoje fiz outra besteira imensa:
Não pensei nada do que o vulgo pensa.”
(Besteira, Affonso Manta)
E quem sabe
Em algum destes versos
Em alguma destas palavras
Eu deixe escapar um pouco de mim?
Mais uma vez estou indo embora
E como é afeito a todas estas horas
Uma estranha melancolia ganha o peito
Situação essa, que me deixa meio sem jeito
Mas em outros momentos, algo normal...
Ir embora e voltar, sentimento virtual.
Diante das impossibilidades
Tive nuanças
Frente aos desafios
Desejei mudanças
Dos bons e maus momentos
Levarei lembranças.
Minha terra, minha cidade mística!
Toda sua mitologia, é a minha geografia
Toda sua religião, é a minha escuridão
As montanhas emocionais
Vejo-as ficando para trás
Vales de solidão
Não ganham mais o meu coração
Sentirei saudades outra vez?
Do teu córrego poluído
Dos teus anjos (e anjas) caídos?
Da tua Br 116...?
Talvez, em alguma destas palavras
Eu não tenha conseguido esconder
Os poucos dias de vida louca, intensa vida
Da qual tentei aqui viver
Agora vou ganhando meu cerrado
Assim vou esquecendo o meu passado
Agora caí a noite que um dia foi dia
Assim, vou deixando a tristeza e encontrando a alegria ...
Yon Macedo
Poções, Madrugada de 18/06/2009
terça-feira, 9 de junho de 2009
... a feminina
Ela tem uma gestualidade própria. Afirmação do corpo feminino, do corpo extremamente forte que só a feminilidade pode expressar. A força da vida feminina é sempre outra, indecifrável, inatingível... Ela tem graus de intensidade que não se pode alcançar. A questão nunca se refere ao alcançar; não é isso. Aproximar-se, fronteirar, misturar os ethos sem alcançá-los. Os gestos dela abrem fendas sem fundo nos cotidianos que a povoam. A feminina vai constituindo uma vida de extrema beleza, que escoa variavelmente. Em todo o tempo está vazada. Rompe diques e represas. Sangra eternamente. A sua força é a da dispersão. Essa beleza se espraia em si mesma, e alastra outros mundos que encontra no caminho. Oceanos desconhecidos. A diferença sem mediações. Não se trata de anatomia. O que pulsa são as areias movediças. Jeito de mulher.
Maicon Barbosa
Maicon Barbosa
sábado, 6 de junho de 2009
PLATONICAMENTE
O meu amor por você
É uma loucura
Que não cabe
Nem mesmo
Na minha cabeça
Mas eu gosto de vivê-la
Platonicamente ...
Te vejo com outro
Mas aqui dentro, és minha
Danças com outro
Mas aqui dentro, comigo
Diabos!!
Estas aqui ou algures?
Yon, Platonicamente, Macedo ...
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